Paulo César Gazaro, um estudante de 45 anos, conseguiu realizar seu sonho de se formar em engenharia civil, mesmo enfrentando um câncer no intestino diagnosticado há cerca de 11 meses.
A cerimônia de formatura foi organizada pela esposa, Graziela Gonçalves Gazaro, médicos e funcionários do Hospital Salvalus, na Zona Leste, onde Paulo estava internado, juntamente com os coordenadores da UniFECAF.
Infelizmente, Paulo faleceu devido a uma insuficiência respiratória decorrente do tratamento prolongado do câncer, que havia se espalhado. A formatura hospitalar, que aconteceu em 20 de maio, foi marcada por emoção e teve todos os elementos tradicionais, incluindo beca, canudo e a presença de amigos e professores.
Sonho de estudante era se tornar engenheiro
Nos últimos meses, Paulo passou por nove sessões de quimioterapia e imunoterapia, mas a doença já havia se espalhado pela bexiga, abdômen e fígado. Ele preferiu não saber da gravidade da situação, mantendo a esperança de se formar e seguir em frente.
“O grande sonho do Paulo era se tornar engenheiro. Ele ingressou no curso mais tarde, por não ter tido oportunidade de estudar mais cedo. E o desejo dele é que nós tivéssemos uma empresa juntos, formando uma dupla. Eu arquiteta, ele engenheiro. Era um desejo tão forte que serviu muitas vezes de forças para o tratamento dele. No leito de internação, ele assistia as aulas online, fazias as atividades e ele esquecia que estava doente”, contou a esposa ao g1.
A universidade agiu rapidamente para antecipar suas avaliações pendentes, permitindo que Paulo se formasse no último semestre do curso de Engenharia Civil, mesmo em cuidados paliativos.
Apesar de debilitado, Paulo participou da cerimônia de formatura em uma cadeira de rodas, mostrando sua determinação e alegria. Sua esposa lembra desse momento como um dia especial, repleto de esperança e planos para o futuro.
“Foi um dia muito lindo e especial. No dia seguinte, ele já fazia planos para assinar projetos junto comigo, de construir coisas. Por um momento parecia que não tinha nada. Era um desejo tão legítimo, de um esforço tão genuíno, que até me emociono”, disse a esposa.
“Meu marido foi um exemplo de garra, determinação e coragem. Tanta gente que não se sente motivada para crescer, estudar e conquistar seus sonhos e ele, mesmo tão doente, no leito do hospital, fazendo da educação a sua terapia. Foi uma honra ter uma pessoa tão especial e dedicada ao meu lado nesses 17 anos”, desabafou a companheira.
Paulo foi cremado nesta sexta-feira (31), deixando saudades como “o grande amor de vida inteira” para sua esposa, que se sente honrada por tê-lo ao seu lado durante 17 anos.
“Foram anos muitos especiais e marcantes. Apesar de dolorosos e duros, por causa da doença e da perda do nosso filho. A garra, a coragem e a determinação do meu marido são marcas que vão ficar pra sempre em mim. Estou sem chão, sem rumo, sem saber para onde ir. Mas certa de que a luta vale a pena. E lisonjeada de ter tido ao meu lado uma pessoa tão corajosa, especial e querida. Quando a gente quer, a gente consegue. Quando a gente quer, não abandona um sonho”, declarou.
Exemplo de persistência
A UniFECAF homenageou Paulo, chamando-o de “nosso eterno engenheiro“, e expressou sua esperança de que sua história inspire outros a perseguirem seus sonhos.
“O Paulo será um eterno exemplo de persistência, sinônimo da palavra “sonhador”. Que a história dele sirva de aprendizado e inspiração para todos que têm um sonho a realizar. A UniFECAF lamenta o falecimento do nosso querido aluno e deseja força para todos os familiares e amigos. Você conseguiu, Paulo! Nosso eterno engenheiro!“, afirmou.
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