reação negativa

A opinião de Pitty sobre artistas colegas de The Town rebaterem críticas

A artista deixou claro que “se você está apresentando um espetáculo, está sujeito à apreciação pública”, embora reconheça que a internet possibilita os músicos a também levantarem seus pontos

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(Crédito: Getty Images)

Realizada em setembro, a primeira edição do The Town trouxe grandes shows para o Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Porém, não é possível agradar a todos — ainda mais se considerar que além do público que chegou a 100 mil pessoas por dia in loco, o evento foi transmitido para milhões de pessoas pela TV e internet.

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Mesmo assim, alguns artistas parecem ter se frustrado com reações negativas, seja de parte do público ou da imprensa especializada. Artistas brasileiros como Jão, Marina Sena, Alok e Luísa Sonza, além da rapper australiana Iggy Azalea, se manifestaram rebatendo os comentários críticos de diferentes formas.

O que pensa Pitty, também escalada para o lineup do The Town e com mais tempo de estrada que os demais artistas mencionados, sobre esse tipo de postura? Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a cantora buscou refletir sobre os dois lados da questão.

Primeiro, a artista deixou claro que “se você está apresentando um espetáculo, está sujeito à apreciação pública”. Por isso, é necessário compreender que as pessoas poderão reagir de forma positiva ou negativa — embora ela reconheça que a internet possibilita os músicos a também opinarem.

“Quando eu comecei a ter banda, existia uma tradição muito forte de revistas de música. E as resenhas de discos e shows eram muito importantes. O artista poderia se achar injustiçado e não existia nem as redes sociais para a gente se defender. Hoje, o artista pode dar esse toque.”

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Apesar de entender os dois lados, Pitty destaca que “também é preciso respeitar a opinião de quem viu”. Por vezes, a crítica negativa pode indicar de verdade que algo precisa ser melhorado.

“Porém, também é preciso respeitar a opinião de quem viu. Pensar: ‘será que essa pessoa não está falando algo certo? Será que eu não tinha que ter me preparado melhor? Será que eu estava mesmo pronta para fazer isso?’. Eu, como artista, me ponho nesses dois lugares.”

A lista abaixo compila as situações envolvendo artistas do lineup do The Town que rebateram críticas.

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1) Iggy Azalea

O primeiro caso deste artigo envolve uma artista internacional — e talvez seja o caso mais lamentável, já que envolveu etarismo.

A rapper australiana Iggy Azalea foi a primeira atração de fora a se apresentar no palco Skyline (o principal) do The Town. Ela realizou seu show no dia 2 de setembro, após MC Hariel, MC Ryan SP e MC Cabelinho, que, em conjunto, abriram os trabalhos daquele espaço.

A performance que pôs fim a um hiato de quatro anos sem visitas ao Brasil, contudo, não deixou todo o público satisfeito. Foram diversas as críticas nas redes sociais, inclusive com alegações de que a artista estaria fazendo playback.

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O jornalista José Norberto Flesch, conhecido por antecipar vindas de atrações internacionais ao Brasil, comentou pelo X/Twitter que o jornal O Estado de S. Paulo havia eleito os shows de Iggy Azalea e Alok como os piores do primeiro fim de semana do The Town. É importante ressaltar que esta não era a opinião de Flesch, mas do veículo citado. O texto da repórter Dora Guerra diz sobre a performance:

“A chuva não ajudou e a própria artista disse que foi um show árduo e caótico. Mas se ela havia preparado algo de especial, nada disso apareceu no maior palco do evento. Iggy muito elogiou o Brasil, mas não ficou à altura do país. Não é exagero dizer que a australiana esteve atrás de rappers nacionais como Tasha e Tracie e Karol Conká, que fizeram um show mais rico para um público bem menor no mesmo dia.”

A artista, porém, parece não ter notado que esta era a opinião do Estadão, não de Flesch, que sequer trabalha para o veículo. Dessa forma, respondeu publicamente o post do jornalista com ofensas. Além de chamá-lo de “velho” e “feio”, a cantora ainda disse que não faz música para ele.

“Não é culpa minha que você é um velho feio, eu não faço música para você. É para as ‘brabas’, você não está convidado!”

A tréplica veio na sequência. O jornalista afirmou:

“Pelas letras das suas ‘músicas’, sempre percebi que não era boa em interpretação, agora, além de burra, se mostrou preconceituosa. E acho que não tem tanto público assim para querer falar que pessoas mais velhas não são seu público alvo. Mas recado dado: se você for mais velho, não escute Iggy Azalea. Ela não faz música para você.”

Em outra interação, com o perfil QG do Pop — que também repercutiu a lista de piores do fim de semana feita pelo Estadão — Azalea afirmou, pelo menos abrindo mão do etarismo:

“Quero ver você colocar um par de sapatos de salto e performar em um piso escorregadio em uma tempestade. Faça isso, v*dia! E faça melhor… Tudo o que vocês fazem é falar sobre mim, porque vocês não são assunto e nunca serão! Lembrem-se disso!”

2) Alok

A avaliação negativa do Estadão também chegou ao conhecimento de Alok. O DJ brasileiro, que se apresentou no palco Skyline no sábado (3), levou com bom humor a crítica de que ele apresenta uma espécie de “eletrônica árvore de natal” que melhor pertenceria ao parque de diversões.

Um trecho da análise, assinada por Rodrigo Ortega, dizia:

“O The Town, assim como todos os outros grandes festivais comerciais, tem um setor reforçado de parque de diversões. Há uma roda-gigante, tirolesa e duas montanhas-russas. O show de lasers, frases motivacionais e hits apressados do Alok é, no fim das contas, o melhor brinquedo desse parque. Com todo o respeito. Até porque todo mundo sabe que boa parte do público vai a um festival como o The Town mais interessado neste tipo de diversão.”

O artista, então, rebateu:

“Quem não gosta de Natal e de um parque de diversões?. A melhor resposta para mim é a reação do público. Obrigado pela energia de vocês.”

3) Marina Sena

Atração do palco The One no último dia, 10 de setembro, com um show em homenagem à saudosa Gal Costa, Marina Sena fez um desabafo de forma geral após uma série de críticas à sua apresentação. Vídeos de sua performance haviam se tornado virais, com comentários negativos destinados à sua interpretação vocal das canções.

Também no X/Twitter, a cantora mencionou suas origens ao declarar que “não havia nenhum motivo” para ela ter chegado ao patamar atual a não ser sua própria “coragem, dedicação, autenticidade e talento”.

“Ces [sic] juram que se eu fosse ruim eu seria uma menina de Taiobeiras que tá conquistando tanta coisa? Por qual motivo isso tudo me seria dado? De graça assim? Não tenho sobrenome, não tinha dinheiro, influência, não tinha absolutamente nada. Não havia nenhum motivo pra eu estar aqui a não ser minha própria coragem, dedicação, autenticidade e talento. Vocês que se mordam!”

Em outra publicação na mesma rede, Marina deixou claro que não quer se apresentar como “a nova Gal”. Sua ideia é apenas homenagear a artista falecida em novembro último, aos 77 anos.

“Para o resto da minha vida, por onde eu for eu vou levar o nome de Gal, não quero ser a nova Gal, só quero que todos saibam de onde vem o pulso inicial desse movimento do corpo, da alma, do espírito, que Gal possibilitou eu e tantas pessoa [sic] de sentir. Eu sou uma das tantas filhas de Gal desse país. Na voz dela é onde eu me conecto com Deus. E eu vou ter pra sempre gratidão por ela ter expandido tanto a minha alma.”

4) Luísa Sonza

O caso de Luísa Sonza é um pouco diferente. De forma geral, a apresentação da cantora dia 3 de setembro no palco Skyline — logo antes de Alok — foi elogiada. Contudo, além de não ser alheia a críticas anteriores, a artista se manifestou para sair em defesa de Marina Sena, bem como de outros nomes contemporâneos que também enfrentam rejeição.

Novamente pelo X/Twitter, Sonza apontou, sem especificar, que as pessoas conseguem “só diminuir” os jovens músicos e que “se recusam a enxergar o que já está escancarado”: a vivacidade do cenário brasileiro atual. Ela ainda comentou que tem feito história junto de seus colegas.

“Estamos criando uma nova geração de novos grandes nomes da música brasileira mas o que vocês conseguem é só diminuir e se recusam a enxergar o que já está escancarado na cara de vocês. A música brasileira tá viva, tá diversificada, tá com referência, tá foda, vocês não admitirem isso, por enquanto, não vai impedir todos nós de fazermos história.”

Se os críticos não foram especificados, os artistas que estão fazendo história na opinião de Luísa tiveram seus nomes mencionados em outra publicação. E ela se incluiu na lista.

“Marina Sena é foda, Jão é foda, Pabllo Vittar é foda, Iza é foda, Ludmilla é foda, Anitta é foda, Gloria Groove é foda, eu sou foda. Isso independe da opinião de vocês.”

5) Jão

Outro caso peculiar da lista é o de Jão, pois ele não rebateu críticas à sua apresentação posteriormente — os comentários negativos foram sobre sua trajetória de modo geral e a defesa aconteceu durante o próprio The Town. Ele foi o responsável por fechar o palco The One no último dia do evento, 10 de setembro.

Conforme transcrição do Estadão, o músico apontou que “nos momentos mais alegres da minha vida também são os momentos em que mais pessoas aparecem para atacar de todos os lados”. Apesar disso, ele garantiu que não costuma se posicionar verbalmente contra as críticas porque opta por responder com seu trabalho.

“A gente sonhou por muito tempo com isso. E é muito doido como nos momentos mais alegres da minha vida também são os momentos em que mais pessoas aparecem para atacar de todos os lados. E muitas pessoas à minha volta me perguntam, falam, você precisa se defender, precisa falar alguma coisa. Prefiro responder com meu trabalho, com os shows, com os estádios esgotados e com a nossa conexão.”

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