ofensiva em Gaza

Ação israelense em Khan Younis deixa 70 mortos, dizem médicos palestinos

Moradores da área densamente povoada no sul de Gaza relataram que os tanques avançaram mais de dois quilômetros em Bani Suhaila, forçando a população a fugir sob fogo

Israel voltou a enviar tanques para a área de Khan Younis, em Gaza, após ordenar o deslocamento de distritos usados para novos ataques por militantes.
Khan Younis – Créditos: Getty Images

Israel voltou a enviar tanques para a área de Khan Younis, em Gaza, após ordenar o deslocamento de distritos usados para novos ataques por militantes. Segundo médicos de Gaza, pelo menos 70 palestinos foram mortos pelo fogo israelense na segunda-feira (22).

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Os ataques israelenses incluíram salvas de tanques na cidade de Bani Suhaila e outras localidades a leste de Khan Younis, além de bombardeios aéreos. Moradores da área densamente povoada no sul de Gaza relataram que os tanques avançaram mais de dois quilômetros em Bani Suhaila, forçando a população a fugir sob fogo. “É como o juízo final”, disse Abu Khaled, um residente, à Reuters via aplicativo de mensagens. “As pessoas estão fugindo sob fogo, muitos estão mortos e feridos nas estradas.”

O Ministério da Saúde de Gaza informou que os mortos incluíam mulheres e crianças, além de pelo menos 200 feridos. O ministério não diferencia militantes de civis em suas contagens.

O exército israelense justificou as ordens de evacuação com base em informações de inteligência indicando que militantes estavam disparando foguetes dessas áreas e que o Hamas tentava se reorganizar. “Desde esta manhã, as forças de artilharia da IAF e IDF atingiram mais de 30 locais de infraestrutura terrorista em Khan Younis, incluindo a área de onde um projétil foi lançado em direção a Nirim, no sul de Israel, mais cedo hoje”, informou o exército.

Aproximadamente 400 mil pessoas viviam nas áreas-alvo, com dezenas de famílias deixando suas casas. Autoridades palestinas disseram que os moradores não tiveram tempo suficiente para sair do caminho dos ataques israelenses. Muitas famílias fugiram em carroças puxadas por burros ou a pé, carregando colchões e outros pertences.

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A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino relatou que duas de suas clínicas no leste de Khan Younis foram desativadas devido à nova ofensiva. No Hospital Nasser, em Khan Younis, algumas pessoas se despediam de parentes mortos do lado de fora do necrotério. “Estamos cansados, estamos cansados em Gaza, todos os dias nossos filhos são martirizados, todos os dias, a cada momento”, disse Ahmed Sammour, que perdeu vários parentes nos bombardeios. “Ninguém nos disse para evacuar. Eles derrubaram quatro andares sobre civis.”

Em Deir Al-Balah, um ataque aéreo israelense atingiu uma tenda usada por jornalistas locais no Hospital Al-Aqsa, matando um deles e ferindo outros dois, informou o escritório de mídia do governo de Gaza, controlado pelo Hamas. Isso eleva o número de jornalistas palestinos mortos na ofensiva israelense para 163.

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Novas ordens de evacuação foram emitidas pelo exército israelense devido a ataques renovados de militantes palestinos. As ordens não incluíam instituições de saúde, segundo os palestinos. O exército ajustou os limites de uma zona humanitária designada na costa de Al-Mawasi para manter os civis longe das áreas de combate.

Os Serviços de Emergência Civil de Gaza afirmaram que Israel reduziu as áreas designadas como humanitárias no sul e centro de Gaza, onde 1,7 milhão de pessoas estão abrigadas, de 65 km² para 48 km².

Autoridades de saúde no Hospital Nasser pediram doações de sangue devido ao grande número de feridos. “Uma família, incluindo crianças, foi toda despedaçada enquanto dormia”, disse um homem que chegou ao hospital em uma ambulância com os corpos.

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Israel se comprometeu a erradicar o Hamas após militantes matarem 1.200 pessoas e fazerem mais de 250 reféns em um ataque em 7 de outubro de 2023. O número de mortos entre palestinos na ofensiva de retaliação de Israel já ultrapassa 39.006, segundo autoridades de saúde de Gaza.

Um esforço de cessar-fogo liderado por Qatar e Egito, com apoio dos EUA, falhou até agora devido a desacordos entre os combatentes, que se culpam mutuamente pelo impasse.

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