
O jornalista Julian Assange tornou-se uma figura central na discussão sobre liberdade de imprensa e segurança de dados com a criação do Wikileaks. A plataforma, fundada em 2006, foi responsável pelo vazamento de uma quantidade enorme de documentos confidenciais, principalmente dos EUA.
Assange enfrentou diversas acusações legais que culminaram com seu asilo na Embaixada do Equador em Londres e, posteriormente, sua prisão. Após uma batalha legal de 14 anos e um acordo com os Estados Unidos, ele retornou à liberdade.
JULIAN ASSANGE IS FREE
Julian Assange is free. He left Belmarsh maximum security prison on the morning of 24 June, after having spent 1901 days there. He was granted bail by the High Court in London and was released at Stansted airport during the afternoon, where he boarded a…
— WikiLeaks (@wikileaks) June 24, 2024
Como parte do acordo, Assange admitiu culpa em uma única acusação de espionagem, em vez das 18 originalmente enfrentadas, por obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA. A sentença levará em conta o tempo que ele já passou na prisão, permitindo seu retorno imediato à Austrália.
O Wikileaks, por sua vez, surgiu como um recurso para ativistas e jornalistas, oferecendo um meio seguro para o vazamento de informações sensíveis. A ideia era proteger a identidade dos colaboradores enquanto expunha segredos governamentais e corporativos. Confira alguns dos vazamentos mais famosos do site.
Espionagem do governo Dilma Rousseff
Em 2015, o Wikileaks revelou uma lista “ultrassecreta” da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, mostrando que 29 telefones de ministros, diplomatas e assessores do governo Dilma Rousseff, incluindo o da própria presidente, foram espionados.
Segundo a lista, os grampos estavam em embaixadas, no Banco Central e nas residências de diplomatas. Após a divulgação e uma reaproximação com o governo do presidente Barack Obama, o Planalto declarou que a questão era “um caso superado” e que os acordos entre os países não seriam afetados.
Crimes de guerra dos EUA
Outro caso revelado pelo Wikileaks envolve uma operação de um helicóptero militar dos EUA em Bagdá, Iraque, em julho de 2007. Na ação, pelo menos 12 civis foram mortos, incluindo dois jornalistas da Reuters, Namir Noor-Eldeen e Saeed Chmagh. Quando uma van chegou para resgatar os feridos, também foi alvo de tiros. Os vídeos do ataque só foram divulgados em 2010, gerando protestos globais contra as forças americanas.
Além disso, em 2010, o grupo também publicou milhares de documentos sobre a Guerra no Afeganistão, obtidos pela ex-analista de inteligência do Exército dos EUA, Chelsea Manning. O material revelou assassinatos não relatados de civis afegãos, resultantes de ataques do Talibã e operações malsucedidas da OTAN.
A Casa Branca condenou os vazamentos como “irresponsáveis“. O então conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Gen James Jones, afirmou que as informações confidenciais “poderiam colocar em risco a vida dos americanos“.
E-mails da campanha de Hillary Clinton
O Wikileaks foi responsável pelo vazamento de milhares de e-mails hackeados da conta do chefe da campanha de Hillary Clinton, John Podesta.
As trocas de mensagens ocorreram antes das eleições presidenciais de 2016 e vieram a público durante a campanha eleitoral. Nesse ano, Clinton foi derrotada pelo republicano Donald Trump.
Em um dos e-mails, Podesta chamou Bernie Sanders, o rival democrata de Hillary, de “idiota” por criticar o acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Ataque às Torres Gêmeas
O grupo também divulgou mais de 570 mil mensagens de pager enviadas durante os ataques terroristas de 11 de setembro nos EUA. As mensagens variavam de famílias acompanhando a situação de amigos e familiares até as reações de departamentos governamentais aos ataques.
Em uma das mensagens, foi informado que o então presidente americano havia alterado seus planos e não retornaria a Washington, embora o destino final ainda não estivesse decidido.
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