Marcellus Williams, um homem negro de 55 anos, foi executado na última terça-feira (24), no estado do Missouri, nos Estados Unidos. A execução ocorreu apesar de um pedido da própria Procuradoria para sua libertação e da presença de seu filho e de seus advogados. Este é o segundo caso em quatro dias no qual um homem negro é executado no estado, mesmo com evidências que sugerem sua inocência.
Williams estava preso desde 1998, condenado pelo assassinato da jornalista Lisha Gayle, do St. Louis Post-Dispatch. Ele foi acusado de invadir a casa de Gayle, esfaqueá-la até a morte e roubar diversos objetos, com base nos depoimentos de duas testemunhas.
Marcellus Williams: condenação sem provas físicas
Apesar das acusações, não havia provas físicas que ligassem Williams ao crime. As testemunhas que depuseram contra ele receberam uma recompensa de US$ 10 mil oferecida pela família da vítima, que, desde então, se posicionou contra a execução. Em 2017, um exame de DNA na arma do crime revelou que o material genético não correspondia ao de Williams, mas sim ao de uma pessoa desconhecida.
Este resultado levou o então governador do Missouri, Eric Greitens, a adiar a execução horas antes de sua realização e a criar um painel de juízes independentes para revisar o caso. No entanto, o atual governador, Mike Parson, do Partido Republicano, desfez o painel e remarcou a execução.
Por que a Justiça ignorou as provas de inocência do executado?
Em janeiro de 2024, Wesley Bell, o novo procurador de Saint Louis, entrou na Justiça para anular a sentença de Williams, destacando diversos erros no julgamento. Entre os erros, Bell mencionou a exclusão deliberada de jurados negros, evidenciando um viés racial no processo. O júri que condenou Williams era composto por 11 pessoas brancas e apenas uma pessoa negra.
- Exclusão de jurados negros
- Ausência de provas físicas
- Recompensa financeira a testemunhas
- Painel de juízes dissolvido pelo governador atual
Quais forças políticas estão em jogo?
Os pedidos de Bell foram ignorados pelo procurador-geral do Missouri, Andrew Bailey, pelo governador Parson e pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que rejeitou uma ação para suspender a execução. Bell chegou a propor um acordo no qual Williams se declararia culpado em troca de prisão perpétua, mas a Suprema Corte do Missouri anulou o acordo a pedido do procurador-geral.
“Precisamos questionar um sistema que permitiu que isso acontecesse,” declarou a advogada de Williams, Tricia Bushnell. “Hoje, testemunhamos o grotesco exercício de poder do estado do Missouri. Que não seja em vão. Isso nunca deve acontecer, e não podemos permitir que continue.”
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