Novo mega iate que Jeff Bezos construiu gera polêmica na Holanda

*Por Ernesto Ise – Editor Chefe do Diário Perfil

Novo mega iate que Jeff Bezos construiu gera polêmica na Holanda
Jeff Bezos (Crédito: Phillip Faraone/ Getty Images for WIRED25 )

Dizer que é necessário desmontar uma monte para passar o novo mega iate de Jeff Bezos parece uma piada. Sobretudo porque o que aconteceu, embora recorrente na Europa, se passou num país onde pouco se sabe – pelo menos deste lado do Atlântico – das suas idiossincrasias ao cometer atos que parecem mais típicos de uma comédia cinematográfica.

Publicidade

Na Holanda, mais precisamente em Roterdã, há alguns dias uma questão que domina a agenda da mídia e tem como protagonista o terceiro homem mais rico do mundo, segundo o ranking diário da Forbes: Jeff Bezos. Isso porque, este bilionário encomendou a construção do iate a uma empresa holandesa e para sair do estaleiro de Roterdã onde foi montada a estrutura principal, a cidade tem de desmantelar uma ponte. À pergunta óbvia de se nenhum responsável pela construção de um iate de 485 milhões de dólares não previu esse pequeno detalhe, que nada menos, permitirá que tal navio comece a fazer o seu caminho para o mar, segue-se uma resposta para outros inesperados: e isto é, não.

Projeto 721

Até poucos dias atrás, o nome do proprietário do “projeto 721” da empresa Oceanco era desconhecido. Por razões óbvias, esta empresa holandesa não publica os nomes dos clientes que fazem pedidos milionários. Eles nem mesmo carregam o desenvolvimento de um barco em seu site online até que ele passe nos testes necessários para velejar. Mas quando se soube que Jeff Bezos era o cliente alvo do “projeto 721”, a empresa de navegação deixou de ser reconhecida pelos fãs da navegação e da construção de navios de luxo para ser incluída em todas as notícias que colocam parte da comunidade. contra um dos dez homens mais ricos do mundo.

O iate, que, por enquanto, não tem nome oficial, é – segundo algumas publicações especializadas – o maior veleiro do mundo, o maior super iate construído pela Oceanco e o mais longo construído na Holanda. Eles também explicaram que seu design foi baseado no Pérola Negra, “o mais celebrado pelos especialistas dos construídos pela Oceanco”. O barco de Jeff Bezos tem 127 metros de comprimento e conta com detalhes como piscina coberta com jacuzzi, cinema ou cais auxiliar para todo tipo de acessórios aquáticos – barcos ou jet skis, etc.–, acomodação para mais de uma dezena de passageiros e para uma tripulação de até quarenta pessoas. E também tem três mastros de 60 metros de altura, e aí está o problema: esses mastros são 20 metros mais altos que o arco da famosa ponte de Roterdã, a Koningshaven.

Ponte Koningshaven

Esta ponte tem uma história particular para Roterdã. Embora seja chamado de Koningshaven, é popularmente conhecido nessa área como De Hef (o elevador). É devido a essa estrutura central que pode ser elevada –como um elevador– que permite a passagem de barcos. Foi construído em 1918 para evitar que os barcos colidissem com os pilares da ponte. Na Segunda Guerra Mundial foi danificado e reparado para restaurar o tráfego ferroviário; na verdade os trens passaram até 1993. A fração que corresponde à ponte levadiça chega a pouco mais de 40 metros de altura, impossível para o iate com mastro de 60 metros atravessá-la. Até o fechamento desta edição, na mídia holandesa não havia acordo sobre se as autoridades locais haviam finalmente autorizado o desmantelamento da ponte. Sim, foi esclarecido que, se feito, os custos seriam arcados pela empresa que construiu o iate para Jeff Bezos.

Por outro lado, há uma questão de marketing econômico que é defendida por quem explica a publicidade negativa que teria para a cidade se o navio em questão não pudesse ser retirado do estaleiro. E isto é, Roterdã é a capital marítima da Europa e, portanto, a construção naval é um pilar fundamental. O “projeto 721” da Oceanco para Bezos gerou muitos empregos e publicidade que poderiam ser prejudicados pela recusa em desmontar a ponte. Aqueles que se opõem a isso apontam que, após a última grande restauração da ponte em 2017, eles prometeram não tocá-la. A única saída para o mar para o “projeto 721” e, a menos que voe, não tem outra saída de Roterdã.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

Publicidade

*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.