Os jurados no julgamento criminal de Donald Trump, relacionado ao pagamento de suborno, começaram a deliberar nesta quarta-feira (29), se reunindo a portas fechadas para avaliar as evidências e testemunhos apresentados nas últimas cinco semanas. Ainda não está claro quanto tempo os jurados levarão para chegar a um veredicto no primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos.
Trump, de 77 anos, é acusado de falsificar documentos comerciais para encobrir um pagamento de suborno a uma atriz pornô pouco antes da eleição presidencial de 2016. Ele se declarou inocente e nega qualquer irregularidade. “Nem mesmo Madre Teresa venceria essas acusações”, disse Trump aos repórteres fora do tribunal, referindo-se à falecida laureada com o Nobel da Paz. “Tudo isso é uma armação.”
TRUMP: “These charges are rigged, the whole thing is rigged. The whole country is a mess between the border and fake elections and you have a trial like this where the judge is so conflicted he can’t breathe—This is all because of Joe Biden.. but we’re going to win this… pic.twitter.com/Ri0YgKQbvr
— Benny Johnson (@bennyjohnson) May 29, 2024
Instruções do juiz e testemunho de Michael Cohen
Pouco antes do início das deliberações, o juiz que supervisiona o julgamento, Juan Merchan, instruiu os jurados a não confiarem apenas no testemunho de Michael Cohen, testemunha-chave que desempenhou um papel central no pagamento de suborno.
“Mesmo que vocês acreditem no testemunho de Michael Cohen, não podem condenar o réu somente com base nesse testemunho, a menos que ele seja corroborado por outras evidências”, declarou Merchan.
As instruções do juiz foram parte de uma orientação detalhada aos 12 jurados e seis suplentes que estiveram presentes silenciosamente no tribunal de Nova York por semanas, enquanto os promotores apresentavam seu caso e os advogados de Trump tentavam refutá-lo.
“Vocês devem deixar de lado quaisquer opiniões pessoais ou preconceitos que possam ter a favor ou contra o réu”, enfatizou Merchan.
Impacto Potencial na Eleição Presidencial de 2024
Um veredicto de culpa pode abalar a corrida presidencial de 2024, na qual Trump, candidato republicano, busca retomar a Casa Branca do presidente democrata Joe Biden na eleição de 5 de novembro.
Cohen testemunhou que pagou US$ 13o mil de seu próprio bolso para evitar que Daniels contasse aos eleitores sobre o suposto encontro sexual com Trump, ocorrido dez anos antes da eleição de 2016. Cohen afirmou que Trump aprovou o pagamento e concordou, após a eleição, em reembolsá-lo por meio de parcelas mensais disfarçadas como honorários legais.
Os advogados de Trump argumentaram que os jurados não podem confiar em Cohen, um condenado com um histórico de mentiras. “Ele é literalmente o maior mentiroso de todos os tempos”, afirmou Todd Blanche, advogado de Trump, aos jurados na terça-feira.
Em seu argumento final, o promotor Joshua Steinglass apresentou aos jurados mensagens de voz, e-mails e outros documentos que, segundo ele, corroboravam o testemunho de Cohen. Os promotores do gabinete do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, afirmam que o pagamento a Daniels pode ter contribuído para a vitória de Trump sobre Hillary Clinton em 2016, mantendo uma história desfavorável fora do olho público.
“Nunca saberemos se esse esforço para enganar o eleitor americano impactou a eleição”, disse Steinglass aos jurados na terça-feira.
Os promotores têm o ônus de provar a culpa de Trump “além de uma dúvida razoável”, conforme o padrão da lei dos EUA.
Consequências do Veredicto
Uma condenação não impedirá Trump de tentar retomar a Casa Branca, nem de assumir o cargo se vencer. Pesquisas de opinião mostram Trump e Biden em uma disputa acirrada. No entanto, pesquisas da Reuters/Ipsos indicam que um veredicto de culpa pode custar a Trump o apoio de eleitores independentes e alguns republicanos.
Uma eventual inocência removeria um grande obstáculo legal, liberando Trump da obrigação de conciliar aparições no tribunal com compromissos de campanha. Se condenado, é esperado que ele recorra. Trump enfrenta outras três acusações criminais, mas elas não devem ir a julgamento antes da eleição de 5 de novembro.
Funcionários da campanha de Biden dizem que qualquer veredicto não mudará substancialmente a dinâmica da eleição.