O ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, disse nesta terça-feira (24) que a Ucrânia deveria abrir mão de parte de seu território para chegar a um acordo de paz com a Rússia. A declaração foi dada durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
O ex-diplomata de 98 anos também afirmou que boicotar as negociações com a Rússia e antagonizar Moscou pode ter consequências desastrosas para a estabilidade do Ocidente. “As negociações precisam avançar nos próximos dois meses, antes que isso crie convulsões e tensões que não serão facilmente superadas”, disse. ”Continuar a guerra além desse ponto não seria sobre a liberdade da Ucrânia, mas uma nova guerra contra a própria Rússia”, completou.
Kissinger ainda ressaltou que a Rússia é parte essencial da Europa há 400 anos, atuando como poder de equilíbrio em tempos críticos para o continente. Para ele, os países ocidentais devem se lembrar da importância da Rússia na Europa e não se deixar levar “pelo calor do momento”.
Discursando em Davos, Henry Kissinger recomendou aos líderes globais que entreguem território ucraniano à Rússia o mais rápido possível a fim de chegar a um acordo de paz e devolver a Europa a estabilidade. pic.twitter.com/YLS2DpxTTZ
— Gustavo Rebello (@Gu_rebel) May 24, 2022
Diálogos entre Rússia e Ucrânia
A Rússia declarou que está aberta à possibilidade de retomar as negociações de paz se a Ucrânia der o primeiro passo, posição reiterada pelo vice-chanceler russo Andrei Rudenko na segunda-feira (23). “Estaremos prontos para retomar as negociações assim que a Ucrânia mostrar uma posição construtiva e fornecer pelo menos uma reação às propostas apresentadas”, disse Rudenko.
Entretanto, a Ucrânia assume uma posição resistente em relação as exigências territoriais de Moscou. Dirigindo-se a Davos em um discurso em vídeo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não está interessado em dialogar.
Zelensky disse que Putin está interessado apenas em “força bruta”. “Este ano é realmente o ano em que se decide se a força bruta governará o mundo”, declarou o líder ucraniano no Fórum. “Se assim for, os poderosos não estão interessados no que estamos discutindo e não adianta mais nos reunirmos em Davos. A força bruta não busca nada além de subjugar aqueles que procura subjugar. Não fala; mata, como a Rússia faz na Ucrânia”, acrescentou.