Ginastas criticam investigação do FBI sobre casos de abuso sexual

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Ginastas McKayla Maroney e Simone Biles (Crédito: Chip Somodevilla/ Getty Images)

A ginasta olímpica McKayla Maroney disse nesta quarta-feira (15) em depoimento no Congresso dos Estados Unidos que se sentiu traída por agentes do FBI (polícia federal dos EUA) que não investigaram o ex-médico da equipe norte-americana de ginástica Larry Nassar, apesar de a atleta ter contado em depoimento que foi abusada sexualmente por ele.

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O diretor do FBI, Chris Wray, afirmou ao painel do Senado que as ações dos agentes que atrapalharam a investigação são indesculpáveis, e anunciou que um dos agentes “não trabalha mais para o órgão em qualquer função”.

“Lamento profundamente”, disse Wray.

Maroney é uma das quatro atletas, junto com Simone Biles, Aly Raisman e Maggie Nichols, que prestaram depoimento ao Comitê Judiciário do Senado, que investiga a condução incorreta da investigação pelo FBI.

Maroney afirmou que em 2015 ela passou três horas ao telefone contando ao FBI detalhes do caso, incluindo relatos de abuso sexual que ela sofreu durante os Jogos de 2012 (Londres) por Nassar, a quem ela descreveu como “mais pedófilo” do que médico.

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Apenas em julho deste ano, no entanto, foi revelado pelo inspetor-geral do Departamento de Justiça, em um relatório, o que o FBI realmente fez com as informações que ela forneceu: deixou de documentar o caso por um ano e meio e deturpou o que ela contou a eles sobre as experiências.

“Não apenas o FBI não relatou meu abuso, mas quando finalmente documentou meu relato 17 meses depois, eles fizeram alegações totalmente falsas sobre o que disse”, declarou Maroney.

Sua colega de equipe Biles acrescentou: “Falharam conosco e merecemos respostas”.

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A investigação do FBI sobre Nassar começou em julho de 2015, após o presidente da USA Gymnastics (Federação de Ginástica dos Estados Unidos), Stephen Penny, relatar as alegações ao escritório do FBI em Indianápolis e fornecer aos agentes os nomes de três vítimas dispostas a serem interrogadas.

Esse escritório, então liderado pelo agente especial responsável W. Jay Abbott, não abriu formalmente uma investigação. O FBI interrogou apenas uma testemunha meses depois, em setembro de 2015, e não documentou formalmente essa entrevista em um relatório oficial conhecido como “302” até fevereiro de 2017, bem depois de o FBI prender Nassar sob a acusação de posse de imagens sexualmente explícitas de crianças em dezembro de 2016.

O escritório também não compartilhou as alegações com as agências locais ou estaduais de segurança.

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O FBI anteriormente chamou o comportamento de Abbott de “terrível” e disse que o agente especial de supervisão permanece com o FBI, mas não é mais um supervisor e “não está trabalhando em mais nenhum assunto do FBI”.

Nassar, que foi médico principal das ginastas olímpicas, foi condenado em 2017 a 60 anos de prisão sob a acusação de posse de material de abuso sexual infantil.

No ano seguinte, ele também foi condenado, respectivamente, a 175 e a 125 anos em dois tribunais separados em Michigan, por molestar ginastas sob seus cuidados. Os promotores estimam que ele agrediu sexualmente centenas de mulheres.

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(Agência Brasil)

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