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O que dizem as conversas entre Bolsonaro e advogadas sobre investigação de seu filho?

Na conversa, Alexandre Ramagem sugere a abertura de procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio, com o objetivo de anular as investigações

Jair Bolsonaro revelou que está disposto a doar um conjunto de joias à Santa Casa de Juiz de Fora, caso o TCU decida a seu favor.
Jair Bolsonaro – Crédito: Isac Nóbrega/ PR/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, retirou hoje (15) o sigilo do áudio da conversa entre Jair Bolsonaro (PL) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), na qual discutem estratégias para proteger Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas. A transcrição do áudio gravado por Ramagem revela que, durante uma reunião, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e advogados de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) debateram maneiras de obter dados sobre a investigação contra o senador do PL e manter tudo “fechadíssimo”.

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Na conversa, Ramagem sugere a abertura de procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio, com o objetivo de anular as investigações, e Bolsonaro concorda com a proposta. A estratégia foi implementada e o processo contra Flávio foi arquivado em 2022. Ele era suspeito de desviar recursos dos funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual.

De acordo com a Polícia Federal, a reunião entre o ex-presidente e o ex-diretor da Abin ocorreu em agosto de 2020. Após a revelação da gravação, Flávio Bolsonaro negou qualquer relação com a Abin. Segundo ele, a defesa focava em questões processuais, não havendo utilidade para a Abin. “A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro”, declarou Flávio em nota.

Em um trecho do áudio, Bolsonaro comenta: “Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá”. Em seguida, o então chefe do GSI, general Augusto Heleno, afirma: “Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar gente de confiança dele. Se vazar [inaudível]“.

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Investigação da Abin paralela

A quarta fase da operação Última Milha menciona o áudio da reunião entre os quatro, durante a qual Ramagem teria dito que era necessário tomar medidas para anular a investigação que afetava o filho do ex-presidente, discutindo uma estratégia para desmoralizar e afastar os auditores da Receita Federal. Os servidores da Receita detectaram movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro que não eram compatíveis com sua renda, a partir de um levantamento do Coaf.

O áudio também revela que Bolsonaro sugeriu falar sobre o caso de Flávio com os então chefes do Serpro e da Receita. Durante a conversa, Bolsonaro menciona Gustavo Canuto, ex-ministro do governo que comandava a Dataprev, para verificar o acesso de dados pela Receita. Heleno demonstra preocupação com a possibilidade de vazamento do tema.

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