Um recente estudo conduzido por pesquisadores argentinos revelou que um medicamento de baixo custo pode mais que dobrar as chances de fumantes abandonarem o hábito, marcando a primeira terapia inovadora para o tabagismo em quase duas décadas em muitos países. Publicado na revista científica Addiction em 31 de dezembro, o estudo enfatiza a segurança e boa tolerância da citisiniclina, também conhecida como cistina.
A citisiniclina é um fármaco à base de plantas e atua ligando-se aos receptores de nicotina no cérebro para reduzir o desejo pela substância e a gravidade dos sintomas de abstinência. Com mecanismo semelhante à vareniclina (presente no Champix da Pfizer), a citisiniclina foi sintetizada em 1964 na Bulgária e, devido à sua natureza fitoterápica, é utilizada na Europa desde os anos 60.
Embora não seja um medicamento novo, estudos clínicos rigorosos começaram recentemente a comprovar seu potencial para ajudar os fumantes a deixar o cigarro. A cistina obteve recentemente aprovação regulatória no Reino Unido para uso oficial contra o tabagismo, disponível mediante prescrição médica a partir do próximo dia 22.
O estudo liderado por Omar de Santi, toxicologista do Hospital Nacional de Posadas, analisou 12 ensaios clínicos com quase seis mil voluntários, indicando que a citisiniclina é uma opção eficaz e acessível para reduzir o tabagismo, especialmente em países de média e baixa renda.
Omar também afirmou a revista científica sobre o estudo o seguinte: “nosso estudo aumenta a evidência de que a citisina é uma ajuda eficaz e barata para parar de fumar. Poderia ser muito útil na redução do tabagismo nos países de baixa e média renda, onde são urgentemente necessários medicamentos com boa relação custo-eficácia para parar de fumar. Em todo o mundo, o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável. A citisina tem potencial para ser uma das grandes respostas para esse problema”.
Nancy Rigotti, que antes era diretora do Centro de Tratamento e Pesquisa de Tabaco do Hospital Geral de Massachusetts, da Universidade de Harvard, também disse na publicação que “o tabagismo continua sendo a principal causa evitável de morte em todo o mundo, mas nenhum novo medicamento para parar de fumar foi aprovado pela FDA por quase duas décadas. Existe uma necessidade urgente de novos medicamentos porque os atuais não ajudam todos os fumantes a parar e podem ter efeitos colaterais inaceitáveis. Se aprovada pelos reguladores, a citisiniclina pode ser uma nova opção valiosa para tratar a dependência do tabaco”. A farmacêutica planeja submeter os dados à Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos em 2024, buscando aprovação para o uso do medicamento.
* Texto sob supervisão de Cleber Stevani.