
“Ser mulher, no Brasil, é um ato político”. Com esta resposta, a Promotora de Justiça de SP, Gabriela Mansur, definiu o momento em que é possível observar tantos casos de violência de gênero. “Temos que nos preocupar com que roupa estamos, a que horas estamos circulando, o que estamos dizendo, tom de voz, etc…”
Para amparar as mulheres que sofrem com a violência doméstica a promotora criou o grupo ‘As Justiceiras’, que oferece atendimento multidisciplinar às vítimas de abusos. Com o perfil @Justicadesaia, Dra. Gabriela apresenta ao público as causas que está defendendo e o resultado de cada uma delas.
Durante a entrevista exclusiva à Perfil Brasil, a promotora fez uma reflexão sobre os avanços da Lei Maria da Penha e destacou o que ainda precisa melhorar para que o Código Penal seja mais eficaz.
“As punições acabam sendo muito brandas em relação à gravidade dos casos de violência”, afirma.
O caso da atriz Klara Castanho também esteve na pauta do nosso papo. Klara teve de vir a público contar que sofreu um estupro e decidiu entregar o filho para adoção direta. A atriz relatou que, ainda sob o efeito da anestesia do parto, uma enfermeira entrou na sala cirúrgica e a ameaçou com o vazamento de informações sobre a situação. A partir daí, teve sua intimidade exposta pelo jornalista Léo Dias e sofreu críticas até de mulheres por ter dado o bebê para adoção, como a apresentadora Antônia Fontenelle.
Ela sofreu múltiplas violências: do estuprador, do médico que a atendeu, da enfermeira, de jornalistas sem escrúpulos… e, ao dar a criança para adoção, amparada pela lei, foi criticada. Por isso, criamos o Protocolo Klara Castanho, um conjunto de medidas com o objetivo de criar tipos penais para proteger a intimidade de mulheres que foram vítimas de violência sexual.”
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Um outro caso de bastante repercussão e que não pude deixar de mencionar foi em relação à agressão sofrida pela procuradora-geral do município de Registro (SP) Gabriela Samadello Monteiro. Ela foi espancada no ambiente de trabalho pelo colega Demétrius Oliveira de Macedo. A promotora, bastante indignada com o caso, foi até lá, pessoalmente, prestar solidariedade à colega. E, mais uma vez, agiu: “Propusemos um abaixo-assinado para que pessoas que exercem cargos públicos não possam lá ficar se cometem crime de violência contra a mulher.”
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A promotora de justiça criticou ainda a chamada “saidinha temporária”, quando presos têm o direito de deixar a cadeia para passar em liberdade algum feriado. “Se ele agrediu uma mulher e foi preso, ele volta para terminar o serviço e matar”.
Quando perguntei se era possível dar dicas ou caminhos para quem está vivendo momentos de abuso ou violência doméstica, a promotora foi enfática: “Buscar ajuda é o primeiro passo. Mulher, não sofra sozinha. Juntas, somos mais fortes!”
Confira a entrevista completa!