Após o terremoto de magnitude 7,7 atingir a ilha de Taiwan na última quarta-feira (3), alguns registros na internet afirmam que animais pressentiram que os tremores aconteceriam. De acordo com uma pesquisa feita pelo Research Centre for Geosciences e o Institute of Earth and Environmental Science da Alemanha, existem dois tipos de ondas associadas aos tremores de terra.
As “ondas P”, são as primeiras a serem emitidas em um terremoto. Desta forma, viajam a partir do epicentro em uma velocidade de quilômetros por segundo. Em seguida, ocorrem as chamadas “ondas S“, consideradas secundárias, que fazem o chão estremecer.
Para os especialistas, que avaliaram 180 casos de “previsões” feitas por animais, os humanos somente conseguem sentir as ondas S, enquanto os animais poderiam detectar as ondas P. Assim, eles estariam cientes do que estaria por vir antes.
Contudo, os pesquisadores concluíram que os dados avaliados ainda são incompletos, portanto, não é possível afirmar que eles realmente previram os terremotos. Confira a reação de alguns dos animais de estimação em Taiwan, que sentiram a chegada do desastre natural:
Incredible example of how animals can sense a natural disaster. #Taiwan #earthquake pic.twitter.com/OHXeJiIZiK
— 𝕊𝕔𝕠𝕥𝕥 𝕄. 🇺🇸 (@RandomHeroWX) April 3, 2024
台湾の地震、猫もびっくり
ちょうど、台北に用事があって家にいなくて、猫が心配。 pic.twitter.com/sedgSU3zO9— Ara教練 (@arererere0987) April 3, 2024
Pressentimento de animais
Segundo uma reportagem da BBC, os relatos sobre a capacidade de pressentir eventos naturais por animais, são antigos. Em 373 a.C., o historiador grego Tucídides relatou que ratos, cães, cobras e doninhas abandonaram a cidade de Hélice, na Grécia, dias antes de um terremoto catastrófico.
Assim como, minutos antes do terremoto de Nápoles, na Itália, em 1805, os bois, carneiros, cães e gansos supostamente começaram a emitir sinais de alarme em uníssono. E há relatos de que cavalos correram em pânico pouco antes do terremoto de São Francisco, nos Estados Unidos, em 1906.
Aves fogem de tempestades
Ainda de acordo com a BBC, os terremotos não são os únicos desastres que os animais parecem conseguir detectar com antecedência. As aves estão sendo cada vez mais estudadas por, supostamente, conseguirem identificar a aproximação de outros desastres naturais.
Em 2014, cientistas que rastreiam mariquitas-de-asa-amarela nos Estados Unidos registraram um exemplo surpreendente do que é conhecido como migração de evacuação. Essas aves começaram a sair do seu local de reprodução nas montanhas Cumberland, no leste do Tennessee. Elas voaram por 700 km – mesmo tendo acabado de voar por 5 mil km desde o norte da América do Sul.
Pouco depois que as aves voaram, uma terrível série de mais de 80 tornados atingiu a região. 35 pessoas morreram e um prejuízos de mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) foi causado.
Estudos iniciais para entender se os pássaros sentiram de alguma forma os ciclones se aproximando a mais de 400 km de distância concentram-se no infrassom. Na acústica, o infrassom refere-se a sons de fundo de baixa frequência inaudíveis para os seres humanos, mas presentes em todo o ambiente natural.
“Os meteorologistas e físicos sabem há décadas que tempestades com tornados produzem infrassons muito fortes que podem viajar por milhares de quilômetros de distância da tempestade”, disse na época Henry Streby, biólogo da vida selvagem da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Ele afirmou ainda que o infrassom de tempestades intensas viaja a uma frequência na qual os pássaros estariam sintonizados para ouvir.
* Sob supervisão de Lilian Coelho