CRISE POLÍTICA

Em meio à crise na Câmara dos EUA, invasão ao Capitólio completa dois anos

Histórico de ações da extrema-direita, como a invasão ao Capitólio, refletem na reputação do Partido Republicano.

Em meio à crise na Câmara dos EUA, invasão ao Capitólio completa dois anos
Histórico de ações da extrema-direita, como a invasão ao Capitólio, refletem na reputação do Partido Republicano. (crédito: Jon Cherry/ Getty Images)

A invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, completa nesta sexta-feira (06), dois anos. A data coincide com um impasse sem precedentes – desde a Guerra Civil Americana – a crise na eleição do presidente da Câmara dos Deputados e o caos no Partido Republicano (GOP).

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Entenda

A regra é simples, opera hoje nos EUA o bipartidarismo, que torna a organização política mais simples: a bancada majoritária elege o presidente da Câmara, e a minoritária, o líder da oposição. Atualmente o Partido Republicano é maioria na Câmara e detém, portanto, o direito de eleger o presidente da Casa.

De acordo com reportagem da CNN Brasil, um grupo de 21 deputados republicanos, votou contra a eleição do líder do partido, Kevin McCarthy. O grupo corresponde a um décimo da bancada republicana, que conta com 222 deputados atualmente. McCarthy conseguiu apoio de 201 republicanos, mas são necessários 218 votos, a menos que abstenções reduzam o número de votantes – o que não foi o caso.

Em busca de conseguir a aprovação e os votos necessários, o líder republicano se comprometeu a não financiar mais campanhas nas primárias republicanas, com as doações do Super PAC, o principal comitê de arrecadação do partido, por ele controlado. Os trumpistas o acusam de direcionar os recursos para pré-candidatos moderados.

McCarthy também aceitou reduzir para um deputado o mínimo necessário para apresentar um pedido de destituição do presidente da Câmara. Pela regra atual, é preciso metade mais um de toda a Câmara, ou seja, 218. Mesmo assim, não conseguiu dos votos que precisava.

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Dois deputados republicanos que apoiam McCarthy disseram à CNN que é “impossível negociar com terroristas”, referindo-se à percepção de que o único objetivo dos deputados que votaram contra é semear o caos. o ex-presidente, Donald Trump, fez um apelo para que eles votassem em McCarthy, depois de conversar com o líder por telefone.

“Conversas muito boas ocorreram ontem (terça-feira) à noite, e agora é hora de nossos grandes membros republicanos da Câmara votar em Kevin, encerrar a questão, assumir a vitória.” disse Trump.

Sem precedentes 

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O grupo que impediu a eleição do líder do partido na Câmara se assemelha ao impasse de 1923, que superou a marca de nove votações necessárias para preencher o cargo.

Em outra grande crise, em 1856, foram 133 votações, ao longo de dois meses. Mas na época haviam quatro partidos na Câmara, além de facções internas representando republicanos e democratas do Norte e do Sul do país.

Invasão ao Capitólio

No dia 6 de janeiro de 2021, o então presidente Donald Trump incitou milhares de seguidores, parte deles armados, a ir para o Capitólio impedir a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden. A invasão do Capitólio foi um crime, pelo qual respondem mais de 900 pessoas, incluindo o próprio Trump.

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Uma comissão especial da Câmara, dominada pelos democratas, apresentou um relatório das investigações da invasão, que acusa Trump de quatro crimes, incluindo insurreição.

Consequências

O impasse na eleição do presidente impediu o início dos trabalhos na Câmara e pode reforçar em muitos eleitores conservadores a fadiga em relação à instabilidade causada pelo radicalismo de direita. Isso pode ter começado com a recusa de Trump em aceitar a derrota eleitoral.

A frustração com as atitudes de Trump foi expressa nas eleições de 2018, quando os republicanos perderam a maioria no Congresso. Em 2020, quando o presidente não conseguiu se reeleger; e em 2022, quando os democratas mantiveram a maioria no Senado e muitos candidatos trumpistas não se elegeram.

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Além de Trump, o próprio Partido Republicano tem sofrido com essa atuação dos radicais de direita, que afugenta eleitores moderados, que oscilam historicamente entre os dois partidos.

Nos últimos dias, os democratas não esconderam o quanto estavam se divertindo com o caos republicano, e não atenderam aos pedidos para se abster na votação, e assim reduzir o número de votos necessário para a eleição do presidente.

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