Rob Bauer, líder do comitê militar da OTAN, afirmou que a aliança está se organizando para possíveis confrontos com a Rússia, dada a guerra na Ucrânia. Em suas declarações aos jornalistas, ele afirmou que “nem tudo será fácil nos próximos 20 anos”.
O chefe do comitê militar indicou nesta quinta-feira (18) que uma guerra com a Rússia só ocorreria se a OTAN fosse atacada. “Eu não estou dizendo que dará errado amanhã, mas temos que perceber que não é certo que estaremos em paz. É por isso que temos planos e é por isso que estamos nos preparando para um conflito com a Rússia e grupos terroristas”, disse. Ele acrescentou que a organização não busca um conflito, mas precisa estar pronta no caso de um ataque inesperado.
Na sede da aliança em Bruxelas, o almirante ressaltou a necessidade de a OTAN passar por uma transformação militar para enfrentar o cenário atual. Ele observou que, no passado, os governos lidavam com um ambiente caracterizado por abundância e previsibilidade. Além disso, enfatizou que a Ucrânia continuará a receber o auxílio da OTAN no futuro, pois o desfecho desse conflito terá repercussão no mundo inteiro.
Além das declarações de Bauer, essa semana a OTAN divulgou sua intenção de realizar os maiores exercícios militares da aliança desde a Guerra Fria, envolvendo aproximadamente 90 mil soldados. O principal comandante da OTAN, Chris Cavoli, comandante da aliança, anunciou nesta quinta-feira (18) que os exercícios, denominados Steadfast Defender 2024, se estenderão até maio.
Engajamento da OTAN em exercícios militares
Participarão dos exercícios mais de 50 embarcações, desde porta-aviões até destróieres, além de mais de 80 aeronaves, entre caças, helicópteros e drones, e pelo menos 1.100 veículos de combate, incluindo 133 tanques e 533 veículos de combate de infantaria, conforme informado pela aliança militar. Chris Cavoli declarou que os treinamentos visam simular a implementação dos planos regionais da OTAN. Esses são os primeiros planos de defesa que a aliança já articulou, delineando como ela responderia a um possível ataque.
Embora a organização não tenha citado explicitamente a Rússia em seu comunicado, seu principal documento reconhece a Rússia como a maior ameaça à aliança. Eles ainda ressaltaram que o Steadfast Defender 2024 vai demonstrar a capacidade da OTAN de mobilizar forças da América do Norte para fortalecer a Europa.
Na segunda fase do exercício militar, a atenção da Força de Reação Rápida da OTAN será dedicada ao deslocamento para a Polônia, situada no flanco oriental da aliança. Outras áreas de destaque incluirão os Estados Bálticos, que são os mais suscetíveis a um eventual ataque russo, além da Alemanha, que desempenha um papel central na recepção de reforços, e de países próximos como Noruega e Romênia.
A cúpula de Vilnius em 2023 formalizou esses planos. Isso marcou o fim de um período prolongado em que a organização não via a urgência de desenvolver planos de defesa em larga escala. Durante esse tempo, os países ocidentais estiveram envolvidos em conflitos menores no Afeganistão e no Iraque, e a percepção era de que a Rússia pós-soviética não era mais uma grande ameaça.
Tem que ficar muito de olho no que a OTAN tá fazendo
A função dela é “defender” o norte global ou seja, impor o norte global aos outros países e ela tá se organizando nos últimos dias como se estivesse prestes a entrar numa guerra.— Biazita Gomes (@biazitagomes) January 19, 2024
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini