REGIME DITATORIAL

Nicarágua: comitê cobra posicionamento de Lula e Mauro Vieira

Governo de Daniel Ortega é acusado de abusos antidemocráticos e desrespeito aos direitos humanos.

Nicarágua: comitê cobra posicionamento de Lula e Mauro Vieira
Ortega foi eleito pela quinta vez na Nicarágua depois da prisão de sete opositores (Crédito: Getty Images)

O presidente Luiz Inácio Lula da silva e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, estão sendo cobrados de um posicionamento mais firme em relação à situação política da Nicarágua. O Comitê Brasileiro de Solidariedade com o Povo da Nicarágua pede que o governo dê declarações de forma “clara e coerente” em relação aos abusos do regime ditatorial de Daniel Ortega.

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As eleições de 2021 na Nicarágua, por exemplo, foram consideradas de fachada depois de Ortega concorrer com cinco outros candidatos aliados ao governo. Os outros sete opositores que concorriam ao cargo foram presos antes da disputa eleitoral sob acusações de lavagem de dinheiro e traição à pátria.

Durante a campanha eleitoral de 2022, o presidente Lula chegou a falar sobre a situação do país. Conforme dito pela própria carta enviada pelo comitê, ele  “argumentou que é papel dos nicaraguenses, com seus recursos e sua autonomia, buscar construir o melhor para a Nicarágua.” O texto, no entanto, chama a atenção para o fato de que “aqueles que tentaram fazer isso estão presos, ameaçados ou refugiados”. 

O Comitê ainda declarou que mantém “a esperança de milhões de pessoas de que seu governo [Lula] volte a colocar os direitos humanos no centro da política externa ativa e altiva”, além de solicitar que o governo se junte às denúncias internacionais pela libertação dos opositores e respeito aos direitos humanos.

Grupos petistas, partido do atual presidente, ainda apoiam a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e outros grupos sandinistas que defendem Ortega apesar do caráter ditatorial adquirido pelo seu governo. O presidente Lula e o partido recebem críticas pela falta de posicionamento em relação ao regime da Nicarágua

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O ex-presidente Jair Bolsonaro atacou o regime de Ortega durante a campanha em 2022, especialmente no que diz respeito à perseguição religiosa e a ligação dele com Lula.

O atual presidente do Brasil também falou sobre o assunto em entrevista ao jornal espanhol El País no ano passado. Em aparente visão diplomática e evitando declarações mais duras, Lula, ainda candidato, condenou com moderação os regimes da Nicarágua e a supressão às manifestações de opositores do governo em Cuba. “Todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador”, disse. Ainda continuou: “Por isso sou favorável à alternância de poder. Eu posso ser contra, mas eu não posso ficar interferindo nas decisões de um povo. Nós temos que defender a autodeterminação dos povos”.

REGIME DITATORIAL

O país voltou a instaurar a democracia por meio do movimento sandinista, à época ainda formado por intelectuais e artistas democratas contra o ditador Anastasio Somoza (1925-1980). Em 1979, com o fim do regime ditatorial, Ortega subiu ao poder, se mantendo na chefia do país até 1990, quando perdeu as eleições para Violeta Chamorro. Ele voltou ao cargo em 2006, sendo reeleito em 2011, 2016 e 2021. No entanto, as últimas eleições foram marcadas pela perseguição e prisão de opositores políticos.

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*Texto com supervisão de Lilian Coelho

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