O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, prorrogou por mais 90 dias o inquérito que investiga uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O prazo das investigações acabaria no próximo dia 27.
”Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de janeiro de 2022), o presente inquérito”, diz o despacho de Moraes publicado nesta sexta (7).
Atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), o STF abriu o inquérito em abril de 2020 com a autorização do ministro Celso de Mello. A apuração teve inicio após denúncias do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
Depois que saiu do ministério, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao tentar trocar o chefe da polícia no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação, Mauricio Valeixo. O objetivo de Bolsonaro seria blindar investigações em andamento contra aliados políticos.
As investigações estavam paradas desde outubro de 2020, aguardando uma definição do Supremo sobre o formato do depoimento de Bolsonaro à PF, se pessoalmente ou por escrito. Na mesma época, quando a questão começou a ser julgada, o presidente disse que iria depor pessoalmente.
No dia 3 de novembro de 2021, Bolsonaro prestou depoimento ao delegado Leopoldo Lacerda admitindo que pediu a Sergio Moro para trocar o então diretor da corporação, Maurício Valeixo, e dois superintendentes do órgão, mas negou que os pedidos configurem interferência politica. Segundo Bolsonaro, o pedido foi feito por “falta de interlocução” do comando da PF com ele. O presidente também disse que Moro comandava o ministério sem “alinhamento” com as demais pastas.
Ao final das apurações, caberá ao procurador-geral, Augusto Aras, decidir se vai denunciar Bolsonaro, arquivar as investigações ou pedir novas diligências.
Leia na íntegra o despacho do ministro Alexandre de Moraes.