Os ataques e gestos racistas dentro dos estádios continuam frequentes, mesmo com microfones e inúmeras câmeras na direção do gramado e da arquibancada. Porém, hoje em dia, a exposição tem sido fundamental para combater esse tipo de violência.
O goleiro Aranha, protagonizou um dos casos de maior repercussão no futebol brasileiro. Em 2014, quando jogava no time do Santos, denunciou um xingamento racista que veio da torcida do Grêmio.
“No meu caso, como goleiro, tenho o agravante. Os racistas exploraram bastante como o caso do Barbosa. Eu já ouvi de dirigente que goleiro negro não vingava, mesmo tendo talento. A paciência comigo era muito menor”, contou Aranha.
O Observatório da Discriminação Racial no Futebol , no ano deste episódio, começou a mapear os casos de racismo espalhados pelo país. As denúncias de racismo dobraram em três anos. Foram de 20, em 2014, para 43, em 2017. O pico foi em 2019, quando 67 foram relatados. Em 2020, devido a paralisação do futebol e sem torcida, houve uma queda. Em 2021, mesmo sem os números de todos os estados, mais de 50 denúncias foram registradas.
“Existe o aumento das denúncias, muito por conta do maior debate, da conscientização das pessoas, da quebra de silenciamento dos atletas. Estamos tendo essa evolução, mas ela não chegou ainda no Tribunal de Justiça Desportiva, Marcelo Carvalho, diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.”
Casos recentes
Nesta semana, o esporte mais admirado no mundo, teve outro episódio de racismo, desta vez com o atacante do Flamengo, o Gabigol, foi xingado de “macaco” durante a partida contra o Fluminense.
O atacante Vitinho, do São Paulo, recebeu ofensas racistas nas redes sociais. Para Aranha, o julgamento popular pesa muito nessas situações. “No meu caso acabou me prejudicando, porque te marca e esquecem tudo aquilo que você foi antes. A punição popular foi muito mais pesada do que a punição do estado”, disse. Os clubes, nos últimos anos, têm se posicionado contra o racismo, reconhecendo falhas que aconteceram em outros tempos e ampliando as investigações de denúncias.
“Acredito que os clubes devem puxar a responsabilidade para si. Ser proativo e estar à frente da situação, tentando identificar o autor; se for sócio, expulsá-lo do quadro social. Não adianta nota de repúdio”, concluiu Marcelo.
“Sobre o Fluminense ter se antecipado e pedido o inquérito (caso Gabigol): não fez mais que sua obrigação de colaborar com banimento do racismo. Flamengo iria fazer o pedido hoje, não fez porque o Fluminense fez antes.”
— Planeta do Futebol ???? (@futebol_info) February 9, 2022
???? Rodrigo Dunshee, VP geral do Flamengo.
???? Marcelo Cortes pic.twitter.com/NyujAuNijL