O julgamento da ex-deputada federal Flordelis foi retomado nesta terça-feira (8). Ela é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto a tiros logo após chegar na casa da família, em Pendotiba, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na noite de 16 de junho de 2019. Inicialmente, Flordelis chegou a dizer que era uma tentativa de assalto, mas as investigações indicaram que se tratava de homicídio. A acusação indicou, que antes do assassinato, houve tentativas anteriores de homicídio contra o pastor Anderson, de forma continuada, com a adição de veneno nas comidas e bebidas da vítima.
Até o fim do julgamento, devem ocorrer depoimentos de 30 testemunhas. Hoje, a previsão é de que sejam ouvidas nove testemunhas de acusação, entre elas os filhos e netos de Flordelis.
A ex-parlamentar responde por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Embora o horário previsto para o reinício do julgamento o fosse 9h, só recomeçou pouco depois de 10h30. Houve atraso na chegada do filho adotivo da ex-parlamentar, André Luiz de Oliveira, que também está sendo julgado, além da filha biológica Simone dos Santos Rodrigues, e Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva. Os três respondem por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. A neta de Flordelis, Rayane dos Santos Oliveira é outra que está sendo julgada. Ela é acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
O júri, presidido pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce dos Santos, só deve terminar na quarta-feira (9), conforme a previsão da magistrada. O Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Niterói é formado por três mulheres e quatro homens.
Na segunda (7), no primeiro dia do julgamento, foram ouvidas três pessoas. No depoimento de mais de 5 horas, a delegada Bárbara Lomba mostrou não ter dúvida de que a ex-parlamentar foi a mentora do crime. Na época do crime, ela era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí e iniciou as investigações que levaram à cadeia Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, e Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo, em julgamento ocorrido em novembro de 2021.
Em seguida foi a vez do delegado Allan Duarte Lacerda, responsável pela conclusão do inquérito sobre a morte do pastor Anderson do Carmo. Ele destacou as contradições nas versões dos depoimentos da Flordelis durante a fase de inquérito e acrescentou ser impossível dizer que o crime aconteceu sem a participação de Flordelis.
A última testemunha a depor ontem foi a empresária Regiane Ramos Cupti Rabelo, ouvida como informante. Antes dela começar a responder às perguntas dos promotores do Ministério Público, os advogados de defesa de Flordelis apresentaram requerimento para impedir que Regiane prestasse depoimento sob a alegação de que a empresária estava sendo processada por Flordelis por calúnia. O pedido foi indeferido pela juíza.
Julgamentos
Em 12 de abril deste ano o Tribunal do Júri de Niterói condenou outros quatro réus. O filho biológico de Flordelis Adriano dos Santos Rodrigues foi condenado a 4 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto por uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada; o ex-PM Marcos Siqueira Costa, a 5 anos e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado; e a mulher dele Andrea Santos Maia, a 4 anos, 3 meses e 10 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto. O filho adotivo Carlos Ubiraci Francisco da Silva foi condenado pelo crime de associação criminosa armada a 2 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente semiaberto. No dia 28 de abril, Ubiraci teve liberdade condicional concedida pela Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Em novembro de 2021, o Tribunal do Júri de Niterói condenou Flávio dos Santos Rodrigues a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Flávio, que é filho biológico da ex-deputada federal, foi denunciado como autor dos disparos de arma de fogo que provocaram a morte de Anderson. Na mesma sessão de julgamento, Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, foi condenado por homicídio triplamente qualificado a 9 anos de prisão em regime inicialmente fechado. Ele foi acusado de ter sido o responsável por comprar a arma usada no assassinato do pastor.